domingo, 24 de dezembro de 2017

A TREPADEIRA JADE-VERMELHA (Mucuna bennettii)


Na verdade o nome não é muito apropriado para essa trepadeira, tanto pela cor que não tem nada a ver com a pedra jade como também pelo gênero botânico. Essa espécie pertence ao gênero Mucuna diferentemente da tradicional trepadeira Jade que pertence ao gênero Strongylodon embora apresentem várias características em comum como por exemplo o formato das folhas sempre compostas de três foliolos e as flores. Vale lembrar que outra trepadeira do gênero Strongylodon foi testada por produtores sem sucesso, a espécie S. siderospermum Cordem é nativa das Ilhas Reunião no Oceano Indico e devido ao tamanho reduzido de suas flores não despertou interesse do público apesar de serem de coloração vermelha. Voltemos então a falar sobre o gênero Mucuna que reúne diversas dessas trepadeiras chamadas Jade com destaque especial às de flores vermelhas que impressionam pelo visual proporcionado quando florescem.


Pertencente à enorme família das fabáceas o gênero Mucuna reúne aproximadamente uma centena de espécies entre arbustos e trepadeiras com ramos geralmente de consistência mole e de crescimento rápido. Ocorrem principalmente em regiões tropicais e subtropicais nos dois hemisférios. As Mucunas produzem flores vistosas geralmente em cachos pendentes seguidas de vagens recobertas de microscópicos pelos extremamente irritantes em contato com a pele. Poucas plantas desse gênero apresentam características ornamentais que justifiquem o seu cultivo como espécie ornamental em paisagismo. Há porém algumas notáveis excessões, uma delas é a Mucuna bennettii F. Muell.  a chamada trepadeira JADE-VERMELHA  também conhecida como Trepadeira da Nova Guiné e Flama da Floresta.

                                                       
Essa trepadeira originária da Nova Guiné é de crescimento bastante vigoroso com folhas compostas de três foliolos ovais-alongados bem parecidas com as da trepadeira Jade tradicional. Suas flores são grandes na coloração vermelho-alaranjado brilhante e reunidas em enormes cachos pendentes de beleza impressionante. Seu efeito decorativo é realçado quando plantada em caramanchões de estrutura bem forte ou pérgolas que suportem o vigor da planta e para que as flores sejam ostentadas de forma pendente.  O cultivo dessa espécie teve início em 1940 pelo Jardim Botânico de Cingapura através de sementes coletadas na Nova Guiné e desde então , devido à extrema beleza de suas flores, passou a ser uma das trepadeiras mais cobiçadas por colecionadores do mundo todo.


Outra espécie desse gênero e também de grande valor ornamental é a Mucuna novo-guineensis Scheff . À primeira vista  apresenta bastante semelhança com a Mucuna bennettii causando até certa confusão entre os cultivadores . As principais diferenças são notadas nas flores que na espécie novo-guineensis são mais estreitas e bem mais longas que a bennettii, os três foliolos são mais arredondados e a coloração é um vermelho mais puro sem puxar para o alaranjado. Para deixarmos bem definidas as diferenças entre essas duas fantásticas espécies nós usamos para a Mucuna novo-guineensis  a denominação de trepadeira JADE-VERMELHA DE CACHOS  COMPRIDOS . A propagação dessa espécie é mais difícil que as demais e também é mais sensível ao frio, esses fatores limitantes fizeram com que o seu cultivo se tornasse mais raro aqui no Brasil.

                                                          ( Mucuna novo-guineensis )

Devido ao fato de serem nativas da Nova Guiné, país de clima equatorial com temperaturas médias entre 21 e 32 graus centigrados e chuvas anuais superiores a 2.000 mm., o cultivo dessas espécies  em regiões com temperaturas e umidade do ar mais baixas  fica dificultoso,  principalmente durante  inverno quando chegam a derrubar as folhas de forma acelerada. Em quedas de temperatura em torno de 6 a 7 graus já é suficiente para que as folhas queimem, em alguns casos a planta chega a morrer.
Elas são bem menos resistentes ao frio que a trepadeira Jade-Azul e uma boa dica aos interessados em cultivar essas trepadeiras é plantá-las nos meses mais quentes do ano estimulando o seu crescimento com adubações a curtos intervalos para que a planta ao chegar no outono e inverno já estejam bem desenvolvidas resistindo melhor às quedas de temperaturas.   Após tantas referências à tradicional trepadeira Jade que surgiu no paisagismo brasileiro bem antes da Jade Vermelha falaremos então sobre ela também.


A trepadeira JADE-AZUL ( Strongylodon macrobothrys A. Gray ) é originária das Filipinas e já no final da década de 70  encantava os apreciadores de plantas raras, seus cachos longos com flores de coloração verde-azulado são extremamente decorativos, talvez seja a única nessa cor. Ao contrário das espécies de Mucunas seu crescimento é mais lento pois produz ramos mais finos o que faz com a planta demore mais para se desenvolver. Também é mais sensível ao sol forte e até prefere locais à meia-sombra. Quando plantadas a pleno sol é aconselhável que se faça um sombreamento parcial da muda para um melhor pegamento. O inicio de sua floração ocorre entre 2 a 3 anos mesmo em plantas multiplicadas por estaquia. Ainda continua sendo uma das trepadeiras mais procuradas no mercado tanto pela beleza das flores como também pela baixa oferta de mudas devido ao baixo pegamento das mudas pelos sistemas de estaquia, alporquia e mergulhia.


Atualmente os viveiristas já estão testando novas espécies das chamadas trepadeiras Jades, mas devemos lembrar que deve ser levado em consideração não só a beleza das flores mas também seus hábitos de crescimento para que possam serem utilizadas técnicas de condução das plantas para evitarmos problemas futuros lembrando que as Mucunas são extremamente vigorosas. Dentre essas novas espécies que estão sendo introduzidas no paisagismo brasileira duas merecem destaque pelo exotismo de suas flores, são as chamadas JADES-NEGRAS. Porém tal qual as famosas Tulipas Negras elas não são totalmente negras e sim arroxeadas bem escuras. A mais escura é a Mucuna nigricans, (Lour.) Steud. da qual recebemos a primeira muda dos amigos Murilo Soares e Eduardo Dias originária de suas coleções na Quinta do Brejo. Essa espécie é originária do leste da Ásia e apresenta crescimento mais comportado com flores grandes, compactas e bem escuras. Atualmente já está aparecendo nos mercados de plantas.


Outra dessas denominadas Jades Negras é a Mucuna sempervirens (Hemsley) Kuntze , essa de crescimento bem mais vigoroso devendo ser cultivada de forma isolada pois acaba cobrindo com sua vegetação abundante tudo que está por perto. Produz cachos mais longos cujos pedúnculos saem diretamente dos ramos principais e mais lenhosos da planta. Suas flores são roxas bem escuras com perfume adocicado e acumulam bastante néctar. Pelo fato de emitir os cachos florais diretamente dos ramos mais grossos e principais, podemos eliminar o excesso de folhagem para controlar o seu crescimento exagerado. Essa espécie é originária da China, mais precisamente no sul da província de Yunnan e das espécies de nossa coleção é  a que mais resiste ao frio.




Outra espécie interessante é a Mucuna sloanei Fawc. & Handle  já chamada popularmente por aqui de JADE-AMARELA, é de origem confusa, alguns dizem ser originária do continente africano e outros dizem ocorrer desde a América do Sul até a América do Norte. Suas flores são pequenas com pedúnculos longos e de coloração amarelo-vivo. Seus maiores inconvenientes para cultivo como ornamental são a pequena quantidade de flores produzidas e o crescimento extremamente vigoroso com emissão descontrolada de ramos difícil de controlar mesmo com podas periódicas.


Existem ainda outras duas espécies de Mucunas que estão despertando interesse dos admiradores de plantas que são a Mucuna macrocarpa Wall. com flores bicolores em roxo e branco, bastante vistosas mais ainda com poucas informações de cultivo.



A outra é a chamada JADE-BRANCA (Mucuna birdwoodiana Tutcher ) também pouco conhecida do público em geral e sem maiores informações de cultivo como propagação, condução e tudo mais. Essas duas últimas espécies citadas também são originárias da Ásia.



Com excessão das Jades Vermelhas e Azuis que são propagadas por estaquia, alporquia e mergulhia devido ao fato de raramente produzirem sementes, as demais citadas produzem sementes de forma abundante o que torna mais fácil a produção de mudas, o maior inconveniente é o crescimento exageradamente vigoroso o que torna necessário técnicas de condução.


DICAS DE CULTIVO :

Luz :  Para as Mucunas em geral o plantio deve ser a pleno sol, em locais sombreados elas não se desevolvem bem, é o caso da Jade Vermelha.  A Jade Azul inicialmente deve ser protegida do sol forte que pode queimar seus ramos novos, devemos fazer um sombreamento parcial ou mesmo plantá-la em local à meia-sombra.

Solos : Devem ser plantadas em covas espaçosas enriquecidas com substrato rico em matéria orgânica possibilitando que as raízes novas desenvolvam com facilidade. Evitar o plantio em solos muito compactados.

Texto e Fotos :  LUIS BACHER   ( Com excessão das fotos 7, 11, 12 e 16 )


Onde encontrar mudas :

DIERBERGER PLANTAS LTDA.
Fazenda Citra - Limeira - SP.
CEAFLOR Jaguariuna SP. - Box G-25 / G-26
Tel. (19) 3451-1221  Whatsapp  (19) 99409-4072
www.fazendacitra.com.br
























sábado, 2 de dezembro de 2017

RANDIA-AFRICANA ( Randia maculata )

                                       
Essa é uma daquelas plantas que a gente não cansa de fotografar, floresce várias vezes ao ano e cada flor apresenta um desenho diferente, todos de beleza impressionante semelhantes a verdadeiras pinturas. É bem fácil de cultivar nas condições climáticas brasileiras e com diversas utilidades em paisagismo.


No continente africano existem diversas espécies de rubiáceas muito decorativas que se espalharam pelo mundo, basta lembrarmos do gênero das Gardenias. A esse gênero pertence o Jasmim-do-Cabo ou Gardenia (Gardenia jasminoides J. Ellis ) que é um dos arbustos mais usados em paisagismo aqui no Brasil.  Porém além das Gardenias existem outras rubiáceas africanas de grande valor ornamental, uma delas é a que chamamos de RANDIA-AFRICANA (Randia maculata DC. ). Esse arbusto de porte grande , em média de 4 a 5 metros, está começando a aparecer em jardins brasileiros ainda de forma inexpressiva.


A Randia-Africana é encontrada em estado nativo em diversos países da Africa Tropical Ocidental como Guiné Bissau, Camarões, Congo, Uganda e Angola. A sua maior qualidade ornamental está nas flores que são em formato de trombetas com a parte externa colorida de roxo-escuro sobre branco, a parte interna é caprichosamente manchada (maculada) nessa mesma tonalidade como se fossem pinturas.


No Brasil o primeiro local onde a Randia-Africana foi cultivada foi no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, aqui na Fazenda Citra em Limeira-SP. temos dois exemplares plantados dos quais coletamos sementes para produção de mudas, essas plantas são originárias de sementes trazidas do Jardim Botânico de Bogor na Indonésia há muitos anos atrás.  Em paisagismo pode ser usada em cercas-vivas principalmente pela folhagem perene, também em plantios de grupos ou de forma isolada.



DICAS DE CULTIVO :

Luz : Pode ser plantada a meia-sombra ou pleno sol.

Solos : Preferencialmente ricos em matéria orgânica e descompactados.

Origem : África Tropical Ocidental .


Texto e Fotos :  LUIS BACHER 

Onde encontrar mudas :

DIERBERGER PLANTAS LTDA.
Fazenda Citra - Limeira - SP.
Mercado de Flores Ceaflor - Box G-25 / 26 - Jaguariúna -SP.
Tel. (19) 3451-1221     Whatsapp (19) 99409-4072
www.fazendacitra.com.br